Canto Triste
Sou pássaro sem asas, pousado no banco do jardim, guardo comigo meu canto triste, ríspido doe na alma. O meu interior chora cantando, calado, mudo e surdo, a melancólica letra musical não palpável, grafada nas tábuas do meu coração, procura ouvidos sensíveis que conseguem soletrar, traduzir a leitura pelas janelas dos meus olhos. Ora... É uma sinfonia de tristeza, tão absurda que pareço me afogar num lamaçal, outrora a alma com luz própria parece-me escurecer com o restante d’óleo e pavio. Se não houvesse a beleza ao redor, o vento no rosto, as nuvens e o céu azul para contemplar, já haveria viajado de mãos dadas com a tristeza para outro lugar. Ó pequeno pardal, banha-se n’água, retire a sujeira das patinhas, deixe algumas peninhas brancas se desprenderem suavemente pelo ar, como um chamariz para as crianças correrem atrás de um sonho encantado. Há inocência! Quanto tempo não tenho contigo... não sentamos para um chá da tarde... é porque sinto vergonha de Ti, com quem devo ter primeiro para depois há receber? Sei bem eu... Com o Criador de todos estes processos, é preciso ser processado novamente, então; canto sem nenhum som, expresso sem letras, sentindo a brisa me tocar e agradecendo este carinho especial. Sou pequeno pardal... machucado... apenas pio quem sabe um dia aprendo a cantar. " A tristeza me deixa mais perto de Deus, então; já não estou tão triste ".
Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 05/02/2022
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