Verbalizar

"Expressando uma vida digna"

Textos

Um Homem Curioso
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(Republicação)
 
       Desiludido, caminhando triste na estrada junto ao desfiladeiro, procurando a coragem para saltar, como um voo de águia, eis que alguém cruza o meu caminho; um velhote de cabelos compridos e barba longa, brancos como a neve, de estalo exclamou:
      _Calma aí meu rapaz!
       Como se lesse meu pensamento perguntou.
      _Qual o problema na vida de alguém que não pode ser resolvido?
       Perplexo não soube responder, enquanto ele falou:
      _Sente-se meu rapaz vamos comer alguma coisa.
       Incrivelmente o sentimento de suicídio foi embora, minha atenção voltou-se à aquela figura curiosa.
       A incrível figura tirou de dentro de sua bolsa de couro velho gastado pelo tempo um embrulho com dois peixes frescos.
     _Acabei de pescá-los! - disse - me: Pegue alguns gravetos meu rapaz. - de pronto obedeci.
       Enquanto ele limpava os peixes com um canivete antigo, tirou de sua bolsa um saquinho de sal, outro de pimenta de reino, alguns dentes de alho e limão silvestre que havia apanhado em algum lugar.
       Ele me perguntou: Você fuma meu rapaz? - Não - disse a ele - Então vai ter que ser do jeito antigo.
       Retirou da bolsa duas pedras lisas e um punhado de cipó seco e desfiado, arrumou os gravetos em forma triangular separou duas forquilhas e um espeto maior.
       Aí eu perguntei: Da onde veio o senhor?
     _De circundar a terra meu rapaz, circundar a terra. - estranhei sua resposta enquanto via-o batendo as pedras com as mãos, com o atrito delas o cipó logo incendiou-se.
     _Pronto! A fogueira esta pronta,  sabe meu rapaz, todas as vezes que como peixe lembro de um amigo muito querido, que iniciando o seu trabalho aqui nesta terra, mostrava que sua Palavra é verdadeira... - falava fincando as forquilhas de cada lado da chama.
      ...Este amigo me falou que veio tomar sobre si os nossos delitos e pecados... - interrompi e falei:
       De onde vem o senhor deve haver uma cidade natal? - Sou de Israel meu rapaz. - E como pode falar português fluentemente? - Pelas andanças pelo mundo meu rapaz e falo 36 idiomas diferentes é meu dever aplicar-me, para poder viver o que esta aqui dentro. - dizia pegando um livro velho de couro na bolsa era uma Bíblia antiga.
       Ele me perguntou: O que acha de meus pés? - São normais respondi. - Mas aqui neste livro fala que meus pés são maravilhosos por que tenho anunciado boas novas! - falava com o olhar brilhante - E se diz isto eu creio, vivo o que esta escrito aqui dentro entendeu?...
      _Bom vamos comer... - disse me servindo o peixe - Quer um pouco de sal? - Sim obrigado.
       Onde arrumou o saquinho de sal, linha de pescar, ganchos e outras coisas?        _São ofertas meu rapaz, ofertas. -  Tirando o cantil que cruzava seu ombro ofereceu-me água fresca também.
      _Sabe é como já disse, todas as vezes que como peixe lembro-me deste amigo especial... A sua Palavra foi lançada ao mar e os barcos dos pescadores encheram-xe de peixes a ponto de quase naufragarem.
      _Noutra ocasião; soldados romanos vieram cobrar impostos para César e não tinham dinheiro, Ele disse a alguns de seus discípulos que fossem até a praia pescar e da boca do peixe pescado tirariam um denário, para que pagassem o imposto, eles foram acreditando na Palavra de seu Mestre e encontraram o denário como havia falado.
      _Surpreendente a sua Palavra não é verdade meu querido?
        Atônito disse: Sim.
      _Está tudo aqui neste livro meu rapaz tudo aqui! Isto é um verdadeiro tesouro!
       Ele era um mágico? - Não, não! - disse sorrindo.
       Hum... Parece o melhor peixe que comi em toda minha vida. - afirmei bebendo água.
      _Esta ficando tarde meu rapaz. - Nunca havia ouvido histórias fantásticas como essas... -  falei olhando as primeiras estrelas.
      _Então; pode ficar mais antes vamos trabalhar... E também não são histórias meu amigo são relatos verdadeiros. - falava afastando-me do despenhadeiro.
       Foi ele a um pequeno bambuzal e cortando dois bambus grandes, mediu-os cinco centímetros maiores ao nosso tamanho e cortou, depois cortou em cruz, fazendo quatro ripas, cada bambu rendeu 24 ripas, depois ele começou a traçar o cipó entre as ripas e prendê-las com as partes arredondadas para cima, para não nos machucarmos, acompanhando-o com o olhar fiz minha espécie de rede também.
      _Vamos! Tem árvores lá para cima. - fomos levando algumas brasas do fogo e as redes nas costas.
       Estava confuso porque um homem como eu estava ali com aquele velho eremita? - pensava quando ele falou: É aqui!
       Amarrava sua rede de uma a outra extremidade da árvore.
      _Não ficou bom? - disse satisfeito balançando como criança de um lado a outro. - Claro que ficou! - disse fazendo o mesmo.
        Como se ouvisse meu pensamento há minutos atrás ele falou:
      _Sabe por que meu rapaz? - Porquê o que - Porque estar aqui com um velhote? - Não! - Porque Deus me mandou. - Sim. - respondi deitado sobre minha esteira improvisada admirando as estrelas que iluminavam o céu.
      _Esta na hora do chá! - disse reascendendo a fogueira noutro lugar, vai ajudar a manter os animais longe daqui. - Tirava dois saches de chá de camomila de sua bolsa, duas canecas de prata onde se viam um emblema desgastado“Art.Prata", fez o chá com alegria oferecendo-me, tomei o chá como se fosse um delicioso vinho, a bebida me acalmou dormi, sentia-me seguro com aquele desconhecido.
       Pela manhã acordei e ouvi: 
     _Bom dia meu rapaz, se quiser se lavar tem uma pequena fonte um pouco à frente daquela figueira no caminho.
       Sim eu vou! - era tudo que precisava água gelada para esfriar a cabeça e perceber que tudo aquilo não era um sonho.
       Quando voltei; vi-o fazendo pães com farinha, fermento, azeite, tudo em cima de uma pedra límpida, o cheiro do assado era delicioso e a fome me deu prazer novamente. Era Divino e tão simples, então perguntei:
       Aonde consegue estas coisas? - Apontando para o céu disse-me: Não tenho com o que me preocupar, com o que comer ou vestir ou ajuntar, Deus me provê o necessário, o que lhe falo está tudo dentro deste Livro Divino.
       Ao longe me interrogava: Como pode ser? - Eu tinha tudo, carros, imóveis, dinheiro, mas; a Bolsa de Valores caiu e levou toda minha fortuna e este homem tem tudo e vive livremente e sem preocupação. - Virou-se novamente como se escutasse meu pensamento e disse:
      _O meu tudo é Jesus Cristo! 
      _Deus amou o mundo tanto e ao homem que criou tanto, mais tanto mesmo, que ofereceu seu único Filho para todo aquele que nele crer, tenha uma vida com sabor como o pão que comes com vontade, esta mesma vontade você deve ter em ler este livro e conhecer o Amigo que lhe falei, Ele o ajudará a livrar-se de todo o mal que possa estar ocorrendo na sua vida e fora isto; pode te oferecer vida para sempre, basta apenas permanecer no seu caminho.
       Então; prestei atenção, nunca daria meu filho por nada, e estava ao ponto de abandonar a família inteira no despenhadeiro, a coragem que procurava lá na verdade era covardia para prosseguir.
       Perguntei: O senhor acha que ainda tenho perdão? - eufórico ele riu e disse: Claro! Basta aceitar a Jesus Cristo como seu Único e Suficiente Salvador, praticar o que Ele ensinou.
       Olhei para o seu rosto, ele colocou suas mãos sobre minha testa e orava, enquanto eu chorava feito uma criança, mas; estava leve como uma sem culpa alguma!
       Ele me pegou pelas mãos e falou:
      _Volta meu filho para a sua casa, comece uma vida nova o meu bom amigo o ajudará!
        Sim! Posso fazer uma pergunta:
       Qual o seu nome e sua idade?
     _Eu tenho 2.075 anos... Meu nome é Lázaro, falava sorrindo e indo embora; voltando-se me perguntou:
      _Ninguém pode morrer duas vezes ou pode?

Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 16/11/2020
Alterado em 17/11/2020
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