Algo a Mais...
1ª parte
Algo a mais que uma simples amizade, existe algo a mais.
Do que uma rica admiração, da beleza refletida nos seus olhos, da bondade instalada no seu interior, há algo a mais... (...) Que me faz parar e refletir, por onde caminha os meus pés? Onde divaga o meu coração? Na perfeição de um sonho contigo impossível de realizar, devido aos nossos princípios, conceitos e alianças de amor. A nossa aceitação é devida, para deixar a vida escrever tudo como deve ser escrito, tiremos os dedos da pena, circunscrevamos nas beiradas do papel, o invisível no centro não nos pertence, mas; é ouvido pelo tempo que escuta tudo em silêncio e é o único que poderá interferir. (...) Abstemo-nos de qualquer decisão, dos atos que viram desatinos, das ações que geram reações, pois; a aceitação promove-nos paz espiritual. Não nos enrolemos em espinhos, ou gotas de sangue, somente na construção d'um belo jardim, que mesmo assim grita por "algo a mais". (...) Há algo a mais... Pensando bem sempre haverá. O nosso bem querer é mútuo e se torna vivo, como uma alma a parte, repleta de sentimentos absolutos que se fazem unos, mas; ainda existe uma razão que nos divide e não nos deixa ultrapassar um território mais íntimo, não sei se isto é bom ou ruim, "algo a mais" pode ser perigoso ou encantador demais para que eu possa voltar. Se lhe tocasse, certamente gostaria de "algo a mais", então; a nossa razão colocou-nos limites como a terra e o mar, esta aceitação não nos faz sofrer, ao contrário, preenche-nos de satisfação e alegria por esta sintonia; agimos com assertividade, por isto; não existe condenações. (...) Sendo assim; você será sempre meu "algo a mais", que me trás o bem e procura me entender, também completa, mesmo não a tendo comigo. Vivamos os nossos sonhos, por que eles formam as bases, para que a nossa realidade não seja tão ruim. Feliz por que sempre a vida me entrega presentes maravilhosos. 2ª parte Então; fui dormir refletindo que "algo a mais", caberia no meu texto, sonhei que subia as escadarias de uma espécie de tribunal e d' Aquele que estava assentado não poderia escapar, (com Deus não se barganha) desceu-me o temor e acordei. (...) Foi quando me propus a enxergar com clareza, eram 02:30 da madrugada e algumas respostas vieram-me a luz da razão. Por que justificava algo não justificável, com palavras bonitas e sutis qual formavam um mar de rosas? Fui olhar-me no espelho estava tranquilo, existia "algo há mais" no meu ser, lembrei-me da primeira mulher, Eva a mãe de todos os humanos, então; não, mas me reconheci, algumas vozes me acusavam: astuto, sagaz, sedutor! A sinuosa serpente investiu por vezes contra Eva, com o seu jogo de sedução. Eu precisava sair daquele lugar. (...) Então; exclamei para o além. _Não há verdade em mim! _Não há verdade em mim! Como posso ser instrumento usado pela má espiritualidade? _Não há verdade em mim! A culpa caíu-me como um véu. _Eu não carrego a semente do mal! Só desejava amenizar os nossos sentimentos, oferecer-te o bem como um buquê de flores, proteger a nossa relação, agora "algo a mais" deixou-me estarrecido e não mas; o poderia desdenhar. 3ª parte Eu precisava apaziguar meu coração, adentrei o meu mundo interior que estava em conflito, razão, emoção, encanto e admiração, ilusão e realidade, mentira ou verdade, o modo de fazer uma composição com apetrechos manipulativos. Sempre deixando um "Q" à mais, para haver uma continuação, uma pessoa real e existente, esplêndida e amável, conhecida apenas por um lado virtual, foi quando percebi "algo a mais", a minha visão não estaria distorcida? (...) _Não! Exclamei de pronto, pois; a minha certeza se fazia assertiva. A fantasia e a ilusão também é parte do ser humano, senão; não sonharíamos acordados, entendi que oras somos verdade e também mentira, e que a nossa perfeição deve ser alcançada, quando alcançada não usaremos de subterfúgios para encantar, iludir ou conquistar, e que a inconstância é uma professora muito exigente, que apaga da lousa a lição de casa muito rapidamente. (...) Então; a verdade reina absoluta e ela é o maior dos encantamentos, porque é pura e na sua plenitude não precisa de "nada a mais", é como nos disse Fernando Pessoa, somos todos fingidores. AUTOPSICOGRAFIA O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 235.1ª publ. in Presença , nº 36. Coimbra: Nov. 1932. Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 04/08/2019
Alterado em 10/08/2019 Copyright © 2019. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |