Sete Anos de Sorte
Mirei-me no espelho e disse: Acabou! Você ouviu? Acabou. Sinto o amargor na boca de minha última colheita. O que fiz? Algumas pragas alcançaram os meus celeiros. Sinal de perda... As chuvas cessaram... Acabou. Acabou entendeu! Acabou. Os olhos escureceram... Nó na garganta, Pernas trêmulas, meio século. A nostalgia da felicidade infantil meu tesouro. Único período qual vivi... Vegetei... Dejeto. Não controlo mais o carro de boi, O arado se tornou desconfortante, Melhor sacrificá-lo e ter alguma proteína, Peças defumadas, óleo e banha. Ainda posso revirar a terra com a inchada, Cuspir nas mãos para aliviar os calos. Acabou! Você entendeu? Acabou. Posso os ouvir brincar no escuro, Num futuro não muito longe, Pedaços que tentam remontar, O que uma insensatez não deixou, Que o desconhecido avô não conseguiu, Acabou entendeu! Acabou. Sinto frio... Não cortei lenha, Cobertores não são suficientes, Melhor é usar a fé ao contrário, Quebrar o espelho e procurar, Meus sete anos de sorte. Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 24/05/2016
Alterado em 24/05/2016 Copyright © 2016. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |