(Des) Conectados
_Alôôô! Conecta-se! Esta foi à frase ouvida que batia em sua mente querendo modificar algo que não precisava. _Então estou fora do ar? - perguntou. _Sim! Com certeza caia na real! - exclamaram. Olhou ao derredor... Viu seus colegas conectados nos celulares, conversando em grupos, compartilhando vídeos e fotos, escutando musicas e jogando jogos. Caia na real? Conectar-se? Que tempo é este? Eram suas perguntas freqüentes. Então estou “fora da realidade” preciso “conectar-me” como se fosse uma extensão elétrica para continuar recebendo algum tipo de informação que a grande maioria tornaram-se adeptas, como uma religião” a nova era tecnológica”. Estava realmente ficando para trás? Corria o risco de perder amizades? Seria rotulado de careta ou primata? Pelo pouco que conhece da inconstância dos humanos com certeza falariam dele e talvez uma namorada naquele ciclo fosse algo impossível de acontecer. Percebeu a desconexão dos conectados no shopping, alheios a vida na praça de alimentação, comendo fast-foods, garotas maquiadas com seus ficantes, esta é a cara de uma nova geração crescente manipulada pelo capitalismo. Foi ao toalete, lavou o rosto pretendendo colocar as idéias no lugar, o que lhe faltava? Uma companheira para dividir os sentimentos e desejos aflorados sem dúvidas, parou em frente uma loja com celulares alguns de ultima geração, permanecera minutos observando-os, foi quando a "realidade que vende o virtual" lhe perguntou: _Posso lhe ajudar moço? _Agora não obrigado. Caminhando pelo 3º piso do shopping olhava através das vidraças, chovia lá fora o horizonte estava negro e os relâmpagos decoravam o céu, enxergava a rodovia engarrafada e imaginava a dor de cabeças e paciência daqueles motoristas. Parou numa cafeteria bebeu um expresso esbarrou no braço de uma moça, derrubou seu celular que espatifou-se no chão. _Nossa! - exclamou - Perdão foi sem querer. _Aí moço que susto! _Me desculpe faço questão de te dar outro de presente. Ela meio sem jeito disse: _Não precisa! Estas coisas acontecem. _Vamos! - disse ele. Chegando à loja a mesma vendedora o reconheceu dizendo: _Posso lhe ajudar agora. _Agora sim! - disse ele - Mostre os melhores modelos para ela. A lista dos andróides era extensa... Lembrou-se das "extensões" e "conectividades" e dos "conectados" da "realidade virtual" e dos "vendedores de sonhos e ilusões". Pensava sobre o gasto que o seu descuido iria lhe propor, foi quando ouviu: _Não desejo nada disto! - ela exclamou a vendedora - Preciso apenas um celular simples para contato e mensagens. Ele não acreditava no que ouviu... Uma moça tão bonita não era uma "conectada de ultima geração"? _Tem certeza não quer outro celular mais moderno? - ele insistiu. _Não! Tenho certeza absoluta. - Então tudo bem. _É aquele! - disse ela a vendedora. Comprou o celular deu-lhe de presente, tomaram um sorvete, perguntou a ela se namorava ou tinha alguém, seu coração se "conectou" não precisava de baterias os fios eram invisíveis, aceleravam novas emoções e "desejos impulsivos" que foi selado com um beijo e uma “explosão de sentidos diversos”. Agora estavam de mãos dadas, chegaram à praça de alimentação, foi quando a galera surpresa lhe perguntou: _Onde você estava! Levando sua namorada para outro local disse: _Oras bolas! Conectado é lógico. Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 23/01/2015
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