Verbalizar

"Expressando uma vida digna"

Textos

Igreja Negra
 

       Por sua causa... No seu exemplo... Joguei-me... Iludi-me... Mutilei minha alma.
       Aprendi fazê-la sangrar e entre seu sangue batizar meu presente sempre ausente.
       Você sempre me ensinou a fugir, camuflar-me, sumir do mapa, afogar minha lucidez, quando a realidade era sempre severa demais.
       Aprendi todas suas lições, pois; queria sempre estar ao seu lado.
       Conheci sua falsa aparência de bem, seu veneno sagaz e mortífero, deste jeito tu me formaste o caráter que se descaracterizou.
       Sempre vivi dentro do meu próprio mundo, o construí só para mim, notava os olhares em minha direção, as expressões interrogativas.
       Ninguém me incomodava... Tinha minha cabana dentro de mim, enchia-a de suprimentos para meu acampe, o fogo era vital, sem ele não viajava, pois; precisava fazer minha combustão.
       Assim voavamos para o mundo distante e nocivo que escolhi.
       Por sua causa... Aprendi a me distanciar, ocultar-me nas sombras da noite.
       Por sua causa... Arrastei-me pelo chão, chorava a perca de algo, que desconhecia.
       Idolatrava seus incensos que fluíam para dentro de mim, era o teu profeta e sacrificava minha vida todos os dias em seu altar.
       Na tua igreja negra apregoava novos adeptos para a escuridão.
       Por sua causa... Mães choravam, pais perdiam a paz, avós sofriam, o tanque de tua água benta maldita nunca se esvaziava!
       Era seu sacerdote recebendo novos irmãos, a tua igreja negra cresceu sobremaneira, igreja de vicissitudes!
       Teus cárceres subterrâneos estão cheios, gritos e gemidos se escutam.
       Vi-o
 face a face, nos seus olhos me aprofundei, conheci o teu propósito, vasculhei teu coração profano de um deus desgraçado, então apaguei as tuas velas.
       Teu dragão se virou contra mim, mas eu conhecia os segredos do tabernáculo.
       Então saí de tua igreja negra e tu procuras-me como desertor.
       Do teu fogo negro não sinto falta alguma, pois ele me consumia lentamente.
       Hoje eu tenho a Luz das Alturas, carrego comigo a Espada Sagrada, o Capacete da Salvação, visto a Couraça da Justiça, seguro o Escudo da Fé, tenho o Cinturão da Verdade, calço as botas do Evangelho da Paz!
       Estou pronto! Venha maldito! Eu não sou mais seu!

Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 19/12/2012
Alterado em 04/12/2022
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