Verbalizar

"Expressando uma vida digna"

Textos

Julgamento
 
          Ainda via minhas filhas chorando, quando escutei...
          _Senhor Maurício de Oliveira.
          Em frações percorri um corredor comprido e dei de encontro a uma enorme porta. - Então ela se abriu, pedi licença e entrei.
          As luzes ofuscavam-me a vista, quando ouvi:
          _O réu pode se assentar.
          Estava num tribunal? Do que iriam me julgar? Que fiz eu?
          Não conseguia encarar o Juiz, somente escutava sua firme voz.
          _Com a palavra o Promotor. – Encarei-o de frente, era um cidadão maduro, bem afeiçoado, usava um terno elegante e com um largo sorriso começou a acusação.
          _Consta-me que o réu meritíssimo, no que diz respeito ao seu fluído vital era para ter vivido 83 anos e na casa dos 47 promoveu sua morte prematura através de um suicídio diário a partir dos 16 anos de idade.
          Fiquei atônito! Estaria morto e não sabia? Levantei-me e tentei fugir, mas a grande porta não tinha maçaneta. Foi quando ouvi.
          _Contenham o acusado! – Dois grandes soldados me seguraram e levaram-me novamente para a cadeira no centro da sala.
          _Pode continuar senhor promotor. – Sim obrigado ilustríssimo.
          _Consta-me também que ele era dado ao álcool, não fiel ao matrimônio, boa parte de sua vida não produziu frutos duradouros, displicente no trabalho que executava, nunca foi subordinado, e grande parte de seus pensamentos egoístas foram direcionados aos seus desejos profanos cheios de luxúria, falcatruas e toda espécie de prazeres impuros.

          Olhei ao redor a tribuna estava repleta, reconheci algumas pessoas que prejudiquei, elas iriam testemunhar contra mim? – Certamenta iriam.
          Fiquei assombrado, estava morto e sendo condenado. A angustia tomou conta do meu ser, não pertencia ao mundo dos vivos, não havia parte com eles mais. Era tudo medonho agora e este Promotor me envergonhava perante todos, não havia saída para mim, foi quando escutei:

          _O réu deseja se pronunciar?
          _Tenho direito a um advogado? Perguntei com voz fraca e trêmula.
          _Sim! – Ele afirmou. O senhor contratou algum? – continuou.
          _Sempre soube que o Senhor Jesus Cristo é o nosso sublime Advogado e que Ele tomou sobre si nossos delitos e pecados.
          _Muito bem senhor Maurício! Mas entendo que o senhor sabe somente parte da história, ou melhor, dizendo: Sei que sabe dela toda, porém, o senhor não pagou em vida os referidos honorários de seu Advogado, com o devido procedimento que Ele mesmo prescreveu, não permaneceu n’Ele e todos que não estão com Ele não lhes pertence a causa.
          E sendo assim “EU” lhe declaro culpado por todos os atos que cometeu: Suicida, profano, adultero, maquinador de mal e impuro, nenhum destes adjetivos seu sublime Advogado revoga a causa e sendo assim não se faz necessária sua presença.
          Escutei o martelo bater, na tribuna eu ouvia as vozes exclamando:
          _Suicida, adultero, maquinador, pervertido!
          Em desespero exclamei:
          _Espera um pouco! Não dizem que o Ilustríssimo é Amor? Como pode ser então? Dá-me uma segunda chance? Deixe-me voltar, por favor? - Escutei falar de outros processos de perfeição. Não posso matricular-me nesta escola?
          _Todos que chegam aqui falam a mesma coisa. Onde esta o amor de Deus?
          _O meu amor esta no meu Filho, ofereci-o em sacrifício da humanidade, mas interpretam como desejam seus corações atraídos pelos desejos carnais, falam: “Posso fazer o que quiser Jesus já pagou o preço por mim”.
          _Não é deste jeito, Ele abraçou a causa de todos, mas nem todos querem pagar seus honorários, que é seguir seus ensinamentos, e quem iludiu o senhor com processos de perfeição? Qual escola é esta que desconheço?
          _No mundo material quando você esta num tribunal você jura falar a verdade e somente a verdade com as mãos em cima de minha Palavra. Agora pergunte por quê? Por que minha Palavra é a Verdade e nela não se encontra outras supostas verdades, mas agora é tarde para se discutir estes conceitos por que aqui a verdadeira verdade o condena.
          O martelo bateu três vezes. - Tudo se fez escuro vaguei por um túnel assombrado, quando escutei meu próprio grito:
          _Socorro! - Minha mulher e filhas vieram me acudir.
          _O que ouve Maurício? – Cai da cama, tive um pesadelo.
          _Obrigado meu Deus! Vou reavaliar-me! Obrigado Senhor! 
          _Esta é minha segunda chance. Obrigado! Amém.
Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 25/11/2012
Alterado em 27/11/2012
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