Uma árvore e duas faces
Quem diria! Que um sentimento tão puro e verdadeiro pudesse ter fim? Que a árvore genealógica bela e feliz, com seus frutos poderia cair? Que um dos lados desta árvore, aspirasse aos ventos da sedução? Muitos debaixo de nossa sombra... Mal diziam, esperavam a separação, As raízes estavam fincadas e profundas, um elo foi desenvolvido... Quem diria! Pedia minhas aparas... Quem saberia poderia renascer? O outro lado não precisava era tudo o que sempre desejou! Pedi que arrancasse meus galhos o jogassem no fogo, não adiantou, Toda extremidade da árvore sentiu... Os frutos ficaram passados... Olhava a casa do lenhador... Via-o amolar seu machado... Eu pedia... E não pedia... Fazia parte da árvore... E não queria estar ali... Então na minha agitação, comecei a ferir-te em toda extensão... A seiva corria... Calcificava-se nos lados de meu tronco... Olhava para baixo, me culpava, para cima, não me achava! Precisava queimar meus galhos desejosos, cascas da ansiedade, Via a águia voar em liberdade, piava e mergulhava, e eu? Imóvel... Tentei movimentar-me e chacoalhei toda a grande estrutura... Meu outro lado entristeceu... Nossos frutos não tinham sabor, Ansiei o machado novamente! Era doloroso para mim... Meu outro lado concordou... O lenhador desferiu o golpe no meu lado, Fizeram-se mudas de mim... Fui viver em alguns canteiros e jardins... Cresci, amadureci, fiquei enfermo, cupins e vermes atacaram-me! Uma parte estava sã... O velho lenhador teve pena de mim... Vi seu machado levantar-se, o golpe foi certeiro! Colocou parte do meu tronco em suas costas, levou-me... Surpreendido! Vi minha antiga metade escorada com carinho... Olhei ao derredor... E vi muitos netos(as) mudinhas... Ele retirou os escores... Colocou-me junto a ela... Tampou-lhe a ferida, Preencheu-nos com água salutar e com seiva derretida... Amarrou-nos com cipós, enxertou nossas raízes, escorou-nos estacas, Desde agora; Somos árvore novamente! Com meus defeitos, desfeitos!
Obs: Não confundir a história com o contador.
Nem a poesia com o poeta! Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 21/06/2012
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