Fica o dito pelo não dito

“Fica o dito pelo não dito”

“Fases da Vida Contraditas”

Abri os olhos dormia acordado, percebi alguém correndo em minha direção, ele me disse:
     _Tio dá este "pipa" pra mim?...
Caminhava tranqüilo e uma pipa de linha cortada praticamente caiu nos meus braços.
     _Tio? Não sou seu tio! - ele retrucou - É maneira de falar tio.
Dei-lhe a “pipa” ou "quadrado" e fui embora levando comigo apenas o sinal de interrogação.
     _Tio? Tio? Tio? "Bom é olhar a face no espelho, descobrir a realidade da vida e acordar de um sono que inebria e retarda o amadurecimento", pois deste momento em diante foi um tal de tio pra lá e tio pra cá que se tornou hábito comum na minha vida.
“Macaco acostumado a quebrar galhos e comer bananas com casca vivem felizes no seu habitat, mas aqueles que procuram comer nas mãos dos humanos domesticam-se ladrões".
A natureza humana é perecível, entre a sociedade corrupta o ninho de sua casa, os filhotes aptos para a formação e a desarmonia existente um obstáculo diário a ser vencido.
O tiozinho foi aceito no meu interior mas na metrópole fica incomodado, foi quando uma moça no metrô lhe perguntou:
     _ Não deseja se sentar senhor?...
A ficha caiu completara-lhe a ligação com a terceira idade o banco era o reservado a raiva subiu-lhe a cabeça, queria discutir, esbravejar e praguejar, mas isto era coisa de velho ranzinza, mas como se ainda tinha 48 anos?...
Refletiu em frações, pelo menos nisto era rápido e com um sorriso nos lábios completou:
     _Não obrigado fique a vontade pode se sentar.
Era o que faltava! - pensou - Os grisalhos expressavam-se agora e após alguns dias a colega de trabalho lhe falou:
     _Nunca pensou em tingi-los?...
Agora a coisa era séria discutir não adiantava, a vaidade poderia lhe ajudar?... Nas pálpebras caídas, um corte aqui outro lá acentuava-lhe alguma correção, os sinais de pontuações saíram da gramática para sua vida, não era só isto um aspirador de gorduras e cera quente na depilação das orelhas faziam sua aparência melhorar. Aspirador e cera eram coisas que lembrava sua infância, assim como a televisão "invictos" e os "estabilizadores de força".
Cabelos aparados, vestir-se bem traduzem sua linguagem corporal à sociedade e quando paquerado pelo sexo oposto sente um calor afirmando que ainda resta-lhe lenha para queimar.
Pensou em primeiro ser eremita ou um macaco selvagem, até tentou mas a sua selva sempre fora de concreto e de concreto conseguira os bens que o mundo empresta a todos.
Viver um pouco mais, desfrutar de alguns prazeres, ter melhor qualidade de vida é sua chama acesa, movimentando-o adiante, mostrando que sua engrenagem não enferrujou.
Modelagens a disposição, recauchutar ou trocar peças de vez em quando para continuar a rodar pela estrada que escolheu viajar.
"No museu encontramos histórias, sabedoria e informações, mas ser um museu ambulante é levar o conhecimento além das fronteiras".
"A contradição de suas palavras e no seu jeito de pensar é a chave que destranca as portas que passa pela sua vida de faz de conta".
O tio que é tio somente de três, a tinta que não usará nem se a vaca tossir, o avô que nem sonha com netos, moldes que usa porque se sente bem, sonho de amor que deseja viver, perdão de Deus que almeja ter e os laços complexos que tenta desembaraçar é o que o faz continuar.
Sou em cada fase contradição, mapeio ida e volta, vivo equilibrado e sempre vou alimentar o amor por alguém que poderá ser somente o meu próprio.

As frases geradas pelo texto são direitos do autor.

Maurício de Oliveira

Enviado por Maurício de Oliveira em 08/01/2015
Alterado em 13/01/2015

Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras